Na defesa contra o mal São Paulo nos exorta: “Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir ás ciladas do demônio” (Ef 6,11)
O pequeno Catecismo sobre os Anjos1, nos ensina que essas “armaduras” são:
a) A graça santificante pelos sacramentos
A primeira e mais poderosa proteção contra os ataques do diabo é a nossa união com Deus no estado de graça. Jesus veio para livrar-nos do inimigo (cf Mt 12,28 e Lc 11,20). Nossa Senhora não podia ser vencida pelo diabo porque era totalmente unida a Deus (desde a sua Imaculada Conceição). Assim, a nossa primeira e mais perfeita proteção contra o diabo é a união com Deus, que alcançamos pela recepção dos sacramentos.
b) A fé
Nossa proteção consiste, segundo São Paulo, no cumprimento do nosso dever, na vigilância, na verdade e na justiça, na prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Mas, acima de tudo, nos diz: “abraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do maligno” (cf Ef 6,13-17). São Pedro recomenda: “Sede sóbrios e vigiai…resisti-lhe (ao demônio) fortes na fé” (1 Pd 5,8s).
c) O Sangue de Cristo
O povo de Israel no Egito foi protegido pelo “Sangue do Cordeiro” que foi colocado nas portas das casas (Ex 2,22). E ainda indica o Apocalipse: “mas estes venceram-no por causa do Sangue do Cordeiro e de seu eloquente testemunho. Desprezaram a vida até aceitar a morte” (Ap 12,11). A adoração do preciosíssimo Sangue de Jesus e o Seu oferecimento a Deus Pai é, certamente, uma grande proteção.
d) O sacramento da confissão
Deve-se buscar frequentemente o sacramento da confissão. A recepção do sacramento da penitência livra as almas do alcance dos demônios já no início da sua iniciativa ou nas tentações, pois a confissão frequente foi “introduzida por inspiração do Espírito Santo”, como diz o Papa Pio XII. O motivo é que o diabo foge da luz (cf. Jo 3,20), e quando a alma, passando das trevas para a luz, confessa seus pecados e recebe uma direção espiritual, fica fortemente armada contra os ataques dos demônios, ou contra as tenteções. Isto já sabiam e praticavam os Padres do deserto e foi recomendado por Santo Inácio de Loyola. “A confissão é muito mais forte que um exorcismo”.
e) Consagrações
Outro grande meio de proteção é consagrar-se a Deus, ou aos Seus Santos. Pela consagração oferecemos todos os nossos direitos. E assim nos entregamos ao Sagrado Coração de Jesus ou á Virgem SS. como Imaculada (cf. Gn3,15), e Rainha do céu (dos Santos Anjos) e da terra (dos homens). Consagrando-nos aos Santos, nós nos unimos a eles mais intimamente, confiando-nos á sua especial guia e proteção. S. José protegeu Jesus quando foi perseguido e Deus nada lhe recusa, sendo invocado como “terror dos demônios”. Assim, também, aos Santos Anjos, especialmente a São Miguel e ao Anjo da Guarda: a força deles contra o diabo torna-se nossa, e, devido à sua proteção, o diabo não nos pode causar mal algum, desde que permaneçamos fiéis. De fato, a força de um Anjo mais simples, é maior que a do diabo mais potente, porque os Santos Anjos gozam da amizade de Deus e união com Ele, o que os faz mais excelentes do que os outros.
f) Oração e Vigilância
Devemos vigiar e orar, resistir, e confiar na presença poderosa de Deus, sem a qual não conseguimos nada (cf. Jo 15,5), e que não nos deixa ser tentados acima das nossas forças (cf. 1Cor 10,13). A invocação do nome de Jesus e do nome de Maria Santíssima possuem poder exorcista. Também ajudam: a oração frequente e constante; a invocação dos mistérios da nossa fé, rezando, por exemplo, o Credo; a Ladainha ao Preciosíssimo Sangue; a devoção às Cinco Chagas do Senhor etc. Mais que pelas fórmulas, pelo desejo e pelo amor do coração, somos livres do mal. Viver na presença de Deus, conservando-nos fiéis á tal união estabelecida e fortalecida por cada sacramento recebido e pelas consagrações renovadas. Pela oração amorosa a Deus conservamos as portas e janelas da nossa “casa” fechadas, da qual o Senhor, através dos sacramentos, expulsou o demônio e tomou posse pela graça. O demônio dificilmente poderá voltar (cf. Lc 11,22). A oração é ainda mais forte quando é acompanhada pelo jejum (cf. Mt 17,20).
g) Os sacramentais
Não somente nós, mas, também, todo o nosso ambiente deve ser consagrado a Deus pelas bençãos da Igreja. As nossas casas devem ser abençoadas e enfeitadas com imagens santas; os lugares de trabalho e carros; os nossos terços e as medalhas, especialmente a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora e a de São Bento que portamos conosco. Deus age por meio dos objetos abençoados pela Igreja, de tal modo que eles se tornam terríveis para os demônios, como o fogo, e por isso, eles fogem. De particular impotância são as relíquias dos Santos; a água benta que os demônios evitam e fogem, e a benção sacerdotal.
h) O sinal da Cruz
Este sinal é, por natureza, exorcista. Recomenda-se não perder o uso de fazer o sinal da Cruz, juntamente como o uso da água benta, acrescentando as significativas palavras: “Pelo sinal + da Santa Cruz, livrai-nos Deus +, Nosso Senhor, dos nossos + inimigos. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Extraído do livro: Pequeno Catecismo sobre os Anjos.
1 – KIENINGER, Josef K. M. Pequeno Catecismo sobre os Anjos. Anápolis – GO. Editora Mariana Eucarística, 2000